19 de abril de 2007
O que falam do NE por aí? É coisa boa!
Será que tem cura?
Por Letícia Furtado
Oficializar pra quê?
Todo mundo já deve estar sabendo que o Nordeste, junto com Brasília, estão se organizando paralelamente às Federações e, principalmente, à CBDA. Na verdade, não existe briga com as entidades, mas simplesmente nenhum interesse em se tornarem, por assim dizer, oficiais. E é por isso que o pólo-divertimento, aquele que dá chance pra todos e todas, está de vento em popa por lá.
Isso porque eles compreenderam que qualquer Federação aquática é ligada à CBDA e, portanto, se resolverem oficializar o pólo aquático regional, terão como único parâmetro, a fracassada infra-estrutura que vigora há mais de meio-século. O Brasil nunca arrumou nada de decente, fora nos tempos do Szabo (nos anos 50/60) e no tempo do Solon, quando garantiram a vaga na Olimpíada, ainda assim por conta do boicote do bloco socialista. Portanto, é óbvio que o que eles sempre fizeram nunca funcionou.
Aliás, que algum louro seja dado, a única coisa de bom que é feito, é TOTALMENTE restrito ao Rio e São Paulo e vai do infantil até no máximo o primeiro ano de Junior. O resto não existe. Esses meninos jogam muito, mas quase ninguém vinga porque a ponta da pirâmide está completamente despedaçada.
O feminino nem se fala. Está sempre num eterno recomeço, por isso afirmo que um ano de trabalho forte com um grupo como os que já existem no Nordeste, dará nível pra jogar no Brasileiro... e bem!
Além disso, o máximo que a FARJ já fez em termos de massificação fora das categorias de base, foi a "finada" categoria estreante, onde atletas de mais de 16 anos que nunca jogaram oficialmente, poderiam jogar por um ano, num nível mais fraco. Após isso, ou subia pra primeira divisão ou não jogava mais. Por isso não vingou. Em São Paulo, não posso falar, mas pelo que eu sei, toda tentativa de fazer prosperar uma segunda divisão nunca deu muito certo. Isso porquê, na cabeça dessa gente, federar quer dizer elitizar (no meu tempo de nadadora era até esnobe dizer na escola que eu era federada!). Recolher migalhas de quem não tem, mas cuidar mesmo só de uma de elite, que de elite em termos mundiais adulto, não tem nada.
A fórmula certa para países de dimensões continentais como Brasil, EUA, Canadá e Austrália é desenvolver o máximo possível o esporte, em qualquer nível que seja. Na última década na Austrália, p. ex, o pólo masculino tinha 8 divisões (e deve ter aumentado nos últimos anos): 5 por idade e 3 « segundonas ». Tinha que ser assim no Brasil pra incentivar a massificação e todo mundo ter um campeonato oficial pra jogar no seu nível, não apenas na sua idade.
No nordeste, eles começaram pelo "povo". Todo mundo joga e tem o seu espaço. Conseguiram fazer até feminino com tantas equipes quanto no eixo Rio/SP. Isso porque sempre aceitaram a presença delas dentro d’água. Não teve briga pelo horário de piscina e outras picuinhas que atravancam o desenvolvimento da categoria. O próximo passo, pelo que eu ouvi falar, é o organizar competições de mini-pólo aquatico (com o pé no fundo) pra garotada abaixo de 10 anos. Bela iniciativa pra massificar o esporte da maneira certa! Cada macaco no seu galho e a macacada crescendo e se « reproduzindo » no seu ritmo.
É uma pena, mas, pelo menos virtualmente, nunca uma federação vai funcionar nesses moldes. A CBDA não é organizada assim. Lá é categoria por idade, com as regras da FINA e quem não é federado não joga. E os clubes que se virem pra formar as equipes do jeito que podem (vide esse suicídio que vai ser o Brasileiro Juvenil com equipes de fora que jogam juntos há apenas 3 meses, contra times como o do Sólon no Flamengo). E isso não dá certo porque não respeita nenhuma realidade local. Pelo contrário, tenta uniformizar o “inuniformizável”. O pior é que não pagando a taxa anual, não participa dos campeonatos oficiais. As meninas de Brasília que o digam. E as de Santa Catarina? Todas federadas, apoio (leia-se clínicas e intercâmbio com SP, alí do lado!) ZERO da confederação!
Sou da política que quem quer, faz. E eles do Nordeste FAZEM. Não precisam de ninguém pra dizer como se faz. Quando querem e precisam, perguntam. Nenhuma Federação pode impedí-los de organizar eventos extra-oficiais, nem mesmo de fazer quantas clínicas quiserem. Até porque, quem aqui precisa de diplominha de árbitro de pólo com o logotipo oficial? Eles precisam é de voluntários que saibam apitar, que saibam funcionar na mesa, seja vestido de cor de rosa, preto, ou o que for. Menos ainda de diploma de clínica. No Brasil, pra trabalhar oficialmente como técnico, tem que ter diploma de ed. física. E só. Mas ninguém vai exigir isso de um voluntário que dá treino, né não? :)) Então, toda essa formalidade não vale de absolutamente nada. Só atrapalha.
Pra quem quer ver o resultado de uma organização que visa o jogador, e não o contrário, ou seja, jogadores que correm atrás de uma organização estagnada, é só pegar um avião pra Salvador no feriadão do 7 de setembro. Estará rolando por lá a segunda etapa do Circuito Nordeste/Centro-Oeste. Organização amadora com ar de profissional. Muitos voluntários e muita vontade de fazer certo logo na primeira vez.
Fonte: http://www.poloaquatico.com.br/colunas/coluna.asp?aut=3&col=208
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2 comentários:
Parabéns Letícia.
Como sempre palavras certas analisando política ultrapassada infelizmente mantida por clubes que não querem que o Pólo mude o status quo.
Tem que esclarecer apenas que essa coluna é do ano passado! Esse ano no sete de setembro estaremos na Chapada!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Tomara que a Letícia volte a escrever logo!
Abs
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